De Cecília Meireles
Sugestões para as produções dos Cansons A4
Pesquisa na Rede, professora Wilma...ótimo trabalho..!
VIDA DA AUTORA
(CADA ÍTEM EM UMA FOLHA DE CANSON
Mais de 50 poesias de Cecília Meireles (1901/1964) para crianças. O Colar de Carolina, Rômulo Rema, Uma Palmada Bem Dada, O Tempo do Temporal, O Violão e O Vilão, A Égua e a Água, A Chácara do Chico Bolacha… Em “Ou Isto Ou Aquilo”, a poetisa brinca com as palavras para criar um mundo mágico.
Fantasia, sonho e um humor doce, maroto, gracioso. Cecília zomba do eco, rega a flor, abraça o berço e o barco, olha a bolha, joga bola, colore o colo de cal… Faz o rio murmurar, o violão duvidar, o mosquito escrever, a lombriga tocar bandolim, a chuva molhar a luva… E rima, com a graça da menina que sonha ser bailarina, com o frescor da lima do vendedor, ou da flor, que o vento pediu em casamento. Dálias e dúlias e harpas eólias… A espuma escreve com algas na água o Sonho de Olga, O Vestido de Laura, A Canção de Dulce, Arabela, Carolina… E de Maria, que apenas sorria: Bom dia!
Orfã de pai e mãe, Cecília Meireles foi criada pela avó Jacinta. Da solidão e do silêncio, fez sua arte, como ela mesmo escreveu mais tarde: “(…) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.”
Aos 9 anos, Cecília escreveu seu primeiro poema. 54 anos depois, quando já era mãe de três filhas, avó de cinco netos, premiada e renomada professora, escritora, poetisa, jornalista e ensaísta, “Ou Isto ou aquilo”, um presente para as crianças de todos os tempos, foi publicado pela primeira vez. Isto em 1964, ano em a autora faleceu. E de lá, do Último Andar, Cecília continua a sonhar e rimar…
fonte: http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2014/05/cecilia-meireles-para-criancas-revista.html
O vestido de Lauraé de três babados,todos bordados.O primeiro, todinho,todinhode floresde muitas cores.No segundo, apenasborboletas voando,num fino bando.O terceiro, estrelas,estrelas de renda- talvez de lenda...O vestido de Lauravamos ver agora,sem mai demora!Que estrelas passam,borboletas, floresperdem suas cores.Se não formos depressa,acabou-se o vestidotodo bordado e florido!
A bailarina
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
Cecília Meireles ( O Pensador)tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
Passarinho no Sapé
P tem papo
o P tem pé.
É o P que pia?
(Piu!)
Quem é?
O P não pia:
O P não é.
O P só tem papo
e pé.
Será o sapo?
O sapo não é.
(Piu!)
É o passarinho
que fez seu ninho
no sapé.
Pio com papo.
Pio com pé.
Piu-piu-piu:
Passarinho.
Passarinho
no sapé.
(Cecília Meireles, 1987, p. 104)
o P tem pé.
É o P que pia?
(Piu!)
Quem é?
O P não pia:
O P não é.
O P só tem papo
e pé.
Será o sapo?
O sapo não é.
(Piu!)
É o passarinho
que fez seu ninho
no sapé.
Pio com papo.
Pio com pé.
Piu-piu-piu:
Passarinho.
Passarinho
no sapé.
(Cecília Meireles, 1987, p. 104)
Ciranda
(Cecília Meireles)
Eu queria ser a rosa
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
E, vivendo num jardim,
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
E, vivendo num jardim,
.
Ter besouros, borboletas,
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
Cirandando ao pé de mim ! ...
lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá,
Cirandando ao pé de mim ! ...
.
Eu queria ser a praia,
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Onde as ondas vão brincar;
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Onde as ondas vão brincar;
.
E seria toda a vida,
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Bem querida pelo mar !
Ló-ló-ró-ló-ló-ló-ló.
Bem querida pelo mar !
.
Eu queria ser estrela,
Li-li-ri-li-li-li-li,
sendo a noite minha irmã,
Li-li-ri-li-li-li-li,
sendo a noite minha irmã,
.
Para despontar à tarde,
Li-li-ri-li-li-li-li,
E esconder-me de manhã ! ...
Li-li-ri-li-li-li-li,
E esconder-me de manhã ! ...
As meninas
(Cecília Meireles)
Arabela
abria a janela.
.Carolina
erguia a cortina.
.E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"
.Arabela
foi sempre a mais bela.
.
Carolina
Carolina
a mais sábia menina.
.E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"
.Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
.
Mas a nossa profunda saudade
Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"
A Língua do Nhem
(Cecília Meireles)
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
.E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
.a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
.e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
.ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
(fonte: www.atividadesparacolorir.com.br)
Obra O vestido de Laura
e A meina e os Vestidos
obra
cânticos
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens - . .
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabe que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue:
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade. . .
É a eternidade.
És tu.
Cânticos...
VI
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor. Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Obra: A arte da felicidade
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. |
Obra: A Bailarina
A bailarina
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
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