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¯`*·.¸¸♥ღ°Quem é essa que me olha de tão longe, com olhos que foram meus?(Retrato antigo - Helena Kolody) ¯`*·.¸¸♥ღ° Quem é essa que me vê do lado de lá quando eu dela preciso cá? Quem é essa que está em mim e eu nela em hora sem fim? Quem é essa, quem sou eu?De tanta pressa o vento a levou...Fiquei eu Olho no olho O meu no seu Num retrato antigo Num estar comigo Num olhar só meu. (Janice Persuhn)¯`*·.¸¸♥ღ° De retralho em retalho tiram pedaços de mim de espaço a espaço costuram os vazios de mim de palavra a palavra descobrem eu sou mesmo assim. (Autópsia) ¯`*·.¸¸♥

PrOfeSsOrA WiLma NuNeS RaNgEl

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Barroco e Arcadismo brasileiro




Movimento Barroco

29/06/2009
A origem da palavra Barroco tem causado muitas discussões. Dentre as várias posições, a mais aceita é a de que a palavra se teria originado do vocábulo espanhol barrueco, vindo do português arcaico e usado pelos joalheiros desde o século XVI, para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa, aliás, até hoje conhecida por essa mesma denominação. Assim, como termo técnico, estabeleceria, desde seu início, uma comparação fundamental para a arte: em oposição à disciplina das obras do Renascimento, caracterizaria as produções de uma época na qual os trabalhos artísticos mais diversos se apresentariam de maneira livre e até mesmo sob formas anárquicas, de grande imperfeição e mal gosto.(Suzy Mello, Barroco. São Paulo, Brasiliense, 1983. p.7-8)

No início do século XVII, o Classicismo já estava perdendo a força. Depois de dominar por um século o palco da literatura ocidental, o Classicismo esgotou as renovações trazidos do Renascimento e pouco a pouco foi deixando de ser centro dos acontecimentos culturais. Surgiu, então, oBarroco.

Barroco na arte marcou um momento de crise espiritual da sociedade européia. O homem do século XVII era um homem dividido entre duas mentalidades, duas formas de ver o mundo. O Barroco é fruto da síntese entre duas mentalidades, a medieval e a renascentista, o homem do século XVII era um ser contraditório, tanto que ele se expressou usando a arte.

Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também dado aoBarroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana.

No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico prosopopéia, a primeira obra, propriamente literária, escrita entre nós, da autoria do português, radicado no Brasil, Bento Teixeira. O final do Barroco brasileiro só concretizou em 1768, com a publicação das Obras poéticas de Cláudio Manuel da Costa . No entanto, como o Barrocono Brasil só foi mesmo reconhecido e praticado em seu final (entre 1720 e 1750), quando foram fundadas várias academias literárias, desenvolveu-se uma espécie de Barroco tardio nas artes plásticas, o que resultou na construção de igrejas de estilo Barroco durante o século XVIII.

Barroco no Brasil foi um estilo literário que durou do século XVII ao começo do século XVIII, marcado pelo uso de antíteses e paradoxos que expressavam a visão do mudo Barroco numa época de transição entre o teocentrismo e o antropocentrismo.



Momento Histórico
Lisboa era considerada a capital mundial da pimenta, a agricultura lusa era abandonada. Com a decadência do comércio das especiarias orientais observa-se o declínio da economia portuguesa. Paralelamente, Portugal vive uma crise dinástica: em 1578 D. Sebastião desaparece em Alcácer-Quibir, na África; dois anos depois, Felipe II da Espanha consolida a unificação da Península Ibérica.

A perda da autonomia e o desaparecimento de D. Sebastião originam em Portugal o mito de Sebastianismo (crença segundo qual D. Sebastião voltaria e transformaria Portugal no Quinto Império). O mais ilustre sebastianista foi sem dúvida o Pe. Antônio Vieira, que aproveitou a crença surgida nas "trovas" de um sapateiro chamado Gonçalo Anes Bandarra.

A unificação da Península veio favorecer a luta conduzida pela Companhia de Jesus em nome da Contra-Reforma: o ensino passa a ser quase um monopólio no campo científico-cultural. Enquanto a Europa conhecia um período de efervescência no campo científico, com as pesquisas e descobertas de Francis Bacon, Galileu, Kepler e Newton.

Com o Concílio de Trento (1545-1563), o Cristianismo se divide. De um lado os estados protestantes (seguidores de Lutero – introdutor da Reforma) que propagavam o "espírito científico", o racionalismo clássico, a liberdade de expressão e pensamento. De outro, os redutos católicos (a Contra-Reforma) que seguiam uma mentalidade mais estreita, marcada pela Inquisição (na verdade uma espécie de censura) e pelo teocentrismo medieval.

O quadro brasileiro se completa, no século XVII, com a presença cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações ocorridas no Nordeste em conseqüência das invasões holandesas e, finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar.



Características
O culto da forma manifesta-se tanto na literatura quanto nas artes plásticas do Barroco. Neste detalhe de um grupo de esculturas de Aleijadinho que representa a Última Ceia, não há lugar para a expressão serena das imagens religiosas; os apóstolos revelam intensa agitação, traduzida nos gestos e olhares que trocam a respeito do que acabaram de ouvir de Cristo.


Algumas características da linguagem barroca merecem especial atenção pela sua peculiaridade e pelo uso que sendo feito de algumas delas em escolas posteriores.

* Arte da Contra-Reforma: a ideologia do Barroco é fornecida pela Contra-Reforma. A arte deve ter como objetivo a fém católica.

* Conflito espiritual: O homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo espiritual e o mundo material. As figuras que melhor expressam esse estado de alma são a antítese e o paradoxo;

"Nasce o sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, porque não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

......................................................................

Começa o Mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância."

(Gregório de Matos)



O tema da fugacidade do tempo, da incerteza da vida, é desenvolvido por meio de um jogo de imagens e idéias que se contrapõem, num sistema de oposições: nasce x não dura; luz x noite escura; tristes sombras x formosura; acaba x nascia.

O espírito Barroco é cabalmente expresso no célebre dilema do 3º ato de Hamlet, de Shakespeare: "To be or not to be, that is the question". ("Ser ou não ser, eis a questão...")

* Temas contraditórios: Há o gosto pela confrontação violenta de temas opostos;

* Efemeridade do tempo e carpe diem: O homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Mas já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de gozá-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que gozar a vida implica pecar, e se há pecado, não há salvação.


"...Gozai, gozai da flor da formosura,

Antes que o frio da madura idade

Tronco deixe despido, o que é verdura..."

"Lembra-te Deus, que és pós para humilha-te,

E como o teu baixel sempre fraqueja,

Nos mares da vaidade, onde peleja,

Te põe a vista a terra, onde salvar-te..."


Podemos notar dois estilos no barroco literário: o Cultismo e o Conceptismo.


# Cultismo: é caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras, com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora; daí o estilo ser também conhecido como Gongorismo.

O aspecto exterior imediatamente visível no Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras de linguagem como as metáforas, antítese, hipérboles, hipérbatos, anáforas, paronomásias, etc...



"O todo sem a parte não é o todo;

A parte sem o todo não é parte;

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga que é parte, sendo o todo.


Em todo o Sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica todo."

(Gregório de Matos)



* Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. Um dos principais cultores do conceptismo foi o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo Quevedismo. Os Conceptistas pesquisavam a essência íntima dos objetos, buscando saber o que são, visando à apreensão da face oculta, apenas acessível ao pensamento, ou seja, ao conceitos; assim a inteligência, a lógica e o raciocínio ocupam o lugar dos sentidos, impondo a concisão e a ordem, onde reinavam a exuberância e o exagero. Assim, é usual a presença de elementos da lógica formal, como:

A – O SILOGISMO: Dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas logicamente implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo: Todo homem é mortal (premissa maior); ora, eu sou homem (premissa menor); logo, eu sou mortal (conclusão).

Observe a construção dos tercetos finais de um soneto sacro de Gregório de Matos que, referindo-se ao amor de Cristo diz:


"Mui grande é o vosso amor e o meu delito;

Porém pode ter fim todo o pecar,

E não o vosso amor, que é infinito.

Essa razão me obriga a confiar

Que, por mais que pequei, neste conflito

Espero em vosso amor de me salvar."



Estes versos encobrem a formulação silogística, como segue:

* Premissa maior: O amor infinito de Cristo salva o pecador.
* Premissa menor: Eu sou um pecador.
* Conclusão: Logo, eu espero salvar-me.

B – O SOFISMA: É o argumento que parte de premissas verdadeiras e que chega a uma conclusão inadmissível, que não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como resultante de regras formais do raciocínio, não podendo ser refutado. É um raciocínio falso, elaborado com a função de enganar.

Ex.: Muitas nações são capazes de governarem-se por si mesmas; as nações capazes de governarem-se por si mesma não devem submeter-se às leis de um governo despótico. Logo, nenhuma nação deve submeter-se às leis de um governo despótico.

Cultismo e Conceptismo são dois aspectos do Barroco que não se separam; antes, superpõem-se como as duas faces de uma mesma moeda. Às vezes, o autor trabalha ao nível de palavra, da imagem; busca mais argumento, o conceito. Nada impede que o mesmo texto tenha, simultaneamente, aspectos Cultistas e Conceptistas. Com os riscos inerentes às generalizações abusivas, diz-se, didaticamente, que o Cultismo é predominante na poesia e o Conceptismo, predominante na prosa.



Barroco – As Origens da Cultura Brasileira
O nosso primeiro e decisivo estilo artístico e literário foi o Barroco. É contemporâneo dos alicerces mais antigos da sociedade e da cultura brasileira, ou seja, da formação da família patriarcal nos engenhos de cana de Pernambuco e da Bahia, da economia apoiada no tríptico monocultura-latifúndio-trabalho escravo, bem como dos primórdios da educação brasileira, nos colégios jesuíticos. Daí sua importância, e daí, também, as projeções que esse período subseqüentes, até os nossos dias.

O Barroco é originário da Itália e da Espanha e sua expansão para o Brasil deu-se a partir da Espanha, centro irradiador desse estilo, para a Península Ibérica e América Latina.

Para isso contribuíram, decisivamente, os seguintes fatos:
* A Espanha foi potência hegemônica no séc. XVII, transformando-se no centro da Contra-Reforma e na sede da Companhia de Jesus, a ordem religiosa mais atuante no período;

* Em 1580, ocorre a união das coroas ibéricas, e Portugal, incluindo as suas colônias ultramarinas, fica até 1640 sob domínio espanhol (domínio filipino);

* Com isso, a mentalidade católica espanhola, revigorada pelo Concílio de Trento (1545 a 1563), atuou fundamentalmente em Portugal, especialmente pelo fortalecimento da Santa Inquisição, já estabelecida definitivamente desde 1540;

* Paralelamente, houve o extraordinário fortalecimento da Compainha de Jesus ou Jesuítas, mentores intelectuais e guardiões do espírito contra-reformista. Foram exatamente esses padres, os primeiros educadores que tivemos, que transplantaram para o Brasil a formação Ibérico-jesuítica e o gosto artístico vigente na Europa;

* O ensino ministrado em Portugal e nos colégios jesuíticos brasileiros era profundamente verbal. Um de seus principais objetivos era o de adestrar os estudantes no desempenho lingüístico, de tal modo que tivessem facilidade verbal de defender ou "provar" as verdades dogmáticas da Igreja. Não havia estímulo ao espírito crítico, nem a nenhum tipo de investigação intelectual pessoal. Nasceu daí o gosto, ainda vigente entre nossa elite, pelo estilo pomposo, retórico, pelo jogo de palavras, tão comum entre nossos tribunos e políticos, perpetuando na opulência verbal de Rui Barbosa, Coelho Neto e Euclides da Cunha, para ficarmos em apenas três desdobramentos mais recentes do estilo Barroco.

Os limites cronológicos do Barroco no Brasil são:
* INÍCIO: 1601 – com PROSOPOPÉIA, poema épico de autoria do português, radicado no Brasil, Bento Teixeira Pinto. É a primeira obra, propriamente literária, escrita entre nós.

* TÉRMINO: 1768 – com a publicação das OBRAS POÉTICAS de CLAÚDIO MANUEL DA COSTA, obra inicial do Arcadismo no Brasil.



Representantes
* Padre Antônio Vieira

Vieira nasceu em Lisboa, em 1608. Com sete anos vem para a Bahia; em 1623 entra para a Companhia de Jesus. Quando Portugal se liberta da Espanha (1640), retorna à terra natal, saudando o rei D. João IV, de quem se tornaria confessor. Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã, por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos; os pequenos comerciantes, por defender um monopólio comercial; os administradores e colonos, por defender os índios. Essas posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custam a Vieira uma condenação pela Inquisição: fica preso de 1665 a 1667. Falece em 1697, no Colégio da Bahia.



Podemos dividir sua obra em:
Profecias – constam de três obras: História do futuro, Esperanças de Portugal e Clavis prophetarum, em que se notam Sebastianismo e as esperanças de Portugal se tornar o Quinto Império do Mundo, pois tal fato estaria escrito na Bíblia.

Cartas – são cerca de 500 cartas, que versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos-novos.

Sermões – são quase 200 sermões. De estilo barroco conceptista o pregador português joga com asa idéias e os conceitos, segundo os ensinamentos da retórica dos jesuítas. Um de seus principais sermões é o Sermão da sexagésima (ou A palavra de Deus), pregado na Capela Real de Lisboa em 1655.



"... Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregdores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, da outra há de estar negro; se de um parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer subiu. Basta, que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? ..."

(Fragmento do Sermão da Sexagésima do Padre Antônio Vieira)

Dentre sua obras mais conhecidas, destacam-se ainda: Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda e o Sermão de Santo Antônio.

Antigo interior da igreja de Nossa Senhora da Ajuda (Salvador, Bahia), onde vieira proferiu seu Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as Holandas.


* Padre Manuel Bernades
Orador sacro português. Nasceu em 1644. Um dos maiores clássicos da língua. Obras: Luz e Calor, Nova Floresta etc. Morreu em 1710.


* Gregório de Matos
O escritor Gregório de Matos Guerra, nascido na Bahia, provavelmente a 20 de dezembro de 1633, Gregório de Matos firma-se como o primeiro poeta brasileiro. Após os primeiros estudos no Colégio de Jesuítas, vai para Coimbra, onde se gradua em Direito. Formado, vive alguns anos em Lisboa exercendo a profissão; por sua sátiras, é obrigado a retornar à Bahia. Em sua terra natal, é convidado a trabalhar com o jesuítas no cargo de tesoureiro-mor da Companhia de Jesus. Ainda por sua sátiras, abandona os padres e é degredado para Angola; já bastante doente volta ao Brasil, mas sob duas condições: estava proibido de pisar em terras baianas e de apresentar sua sátiras. Morreu em Recife, no ano de 1696.

Apesar de ser conhecido como poeta satírico – daí o apelido "Boca do Inferno" –, Gregório também praticou, e com esmero, a poesia religiosa e a lírica. Cultivou tanto o estilo cultista como o conceptista, apresentando jogo de palavras ao lado de raciocínios sutis, sempre como o uso abusivo de linguagem.

Sua obra permaneceu inédita até o século XX, quando a Academia Brasileira de Letras, entre 1923 e 1933, publicou seis volumes, assim distribuídos: I. Poesia sacra; II. Poesia lírica; III. Poesia graciosa; IV e V. Poesia satírica; e VI. Últimas.

- Poeta religioso: Gregório coloca-se dinate de Deus, como um pecador, pedindo perdão por seus erros e confiante na misericórdia divina.


"Eu sou, Senhor, Ovelha desgarrada;

cobrais: e não queiras, Pastor Divino,

perder na nossa ovelha a vossa glória."



- Poeta satírico: criticava os letrados, os políticos, a corrupção, o relaxamento dos costumes, a cidade da Bahia, ...

"Que os brasileiros são Bestas,

e estão sempre a trabalhar

toda a vida, por manter

Maganos de Portugal."





- Poeta lírico: seu lirismo amoroso se define pelo erotismo, revelando uma sensualidade ora grosseira, ora de rara fineza. Gregório de Matos foi o primeiro poeta que admirou e glorificou a mulata:

"Minha rica mulatinha

Desvelo e cuidado meu."



* Bento Teixeira Pinto (1565 – 1600)
É autor de Prosopopéia, poema épico em decassílabos, dispostos em oitava rima, publicado em 1601. Apesar da deficiência, o texto é visto por alguns críticos como iniciador do Barroco no Brasil. Durante muito tempo pensou-se que fosse natural de Recife, cidade descrita no poema, que narra um naufrágio sofrido por Jorge Albuquerque Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco. Hoje se admite que teria nascido em Portugal, embora tivesse morado a maior parte da vida no Recife.


* Botelho de Oliveira
O primeiro escritor nascido no Brasil a ter um livro publicado, Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) nasceu em uma família afastada de Salvador e estudou Direito em Coimbra. Foi vereador, advogado e agiota. Escreveu Música do Parnaso, o primeiro livro impresso de autor nascido no Brasil. A sua fama perdurou como autor do poemeto (silva) A Ilha da Maré, apontando como precursor do nativismo pitoresco.



Links:
Gregório de Matos: Site dedicado ao poeta Gregório de Matos, com biografia e variedade de textos eletrônicos, entre eles muitos sonetos. http://www.e-netcom.br/seges/grego.html

Lista de Autores do Repositório de Literatura: Espécie de biblioteca dedicada à Literatura em português, oferece links para páginas dos mais diversos autores, incluindo biografias e textos eletrônicos. Entre eles, Tomás Gonzaga e Claúdio Manuel da Costa. http://www.cr-sp.rnp.br/literatura/autores.html

O Barroco: O Barroco foi o primeiro estilo de época da literatura brasileira: Gregório de Matos, Pe Antônio Vieira e o homem do Seiscentismo são estudados neste site. http://www.geocities.com/Athens/Forum/7567/lite0005.htm

De Vila Rica a Ouro Preto: Site dedicado à cidade de Ouro Preto, onde se encontra o maior e mais bonito acervo de barroco brasileiro. http://degeo.ufop.br/op/vila.htm




BARROCO NO BRASIL 

O marco inicial do Barroco brasileiro é o poema épico,* Prosopopéia de Bento Teixeira (1601). Há dúvidas quanto à origem do poeta, estudos literários recentes afirmam que ele nasceu em Portugal, porém viveu grande parte de sua vida no Brasil, em Pernambuco. 

PROSOPOPÉIA é um poema épico com 94 estrofes, que exalta Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco. Bento Teixeira imita Camões de maneira infeliz, sua obra é cansativa e tem apenas valor histórico. 

CONTEXTO HISTÓRICO DO BARROCO BRASILEIRO 

O Barroco domina durante todo o século XVII e metade do século XVIII, até 1768. 
Na literatura desenvolveu-se na Bahia e nas artes plásticas (esculturas) em Minas gerais 
Com as obras do Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa), e na pintura do Mestre Ataíde. 

BARROCO BRASILEIRO 

*Movimento artístico e filosófico que surge com o conflito entre a Reforma Protestante e a Contra Reforma. Seu objetivo era propagar a religião através de uma arte de impacto, sinuosa, enfeitada ao extremo.Arte altamente contraditória. 
A origem da palavra ?barroco? é obscura, hipóteses têm sido consideradas mais aceitáveis: ?barroco? era o adjetivo que designava certas pérolas de superfície irregular e preço inferior.De qualquer forma há um valor depreciativo na palavra, que durante muito tempo foi usada para indicar uma arte e uma literatura ?bizarra?, ?extravagante.? 

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA LITERATURA BARROCA 


O homem dividido entre o desejo de aproveitar a vida e o de garantir um lugar no céu. 
Conflito existencial gerado pelo dilema do homem dividido entre o prazer pagão e a fé religiosa. 
Antropocentrismo x Teocentrismo (homem X Deus, carne X espírito). 
Detalhismo e rebuscamento- a extravagância e o exagero nos detalhes. 
Contradição- é a arte do contraditório, onde é comum a idéia de opostos: bem X mal, pecado X perdão, homem X Deus. 
Linguagem rebuscada e trabalhada ao extremo, usando muitos recursos estilísticos e figuras de linguagem e sintaxe, hipérboles, metáforas, antíteses e paradoxos, para melhor expressarem a comparação entre o prazer passageiro da vida e a vida eterna. 
Regido por duas filosofias: Cultismo e Conceptismo. Cultismo é o jogo de palavras, o uso culto da língua, predominando inversões sintáticas. Conceptismo são os jogos de raciocínio e de retórica que visavam melhor explicar o conflito dos opostos. 




PRINCIPAIS REPRESENTANTES DO BARROCO BRASILEIRO 

POESIA 


GREGÓRIO DE MATOS GUERRA nasceu em Salvador, em 1663, estudou em Coimbra, exerceu cargos de magistratura em Portugal até, 1681, quando voltou definitivamente para o Brasil, provavelmente fugindo de inimigos angariados por suas poesias satíricas. Na Bahia, voltou a sofrer perseguições devido a suas sátiras. Por isso ganhou o apelido de Boca do Inferno ou Boca de Brasa 
TEMAS DA POESIA GREGORIANA: 
POESIA RELIGIOSA: mostra o autor envolvido pelo sentimento de culpa e de arrependimento, implorando perdão. 
POESIA SATÍRICA: mostra a crítica severa de uma sociedade marcada pela mediocridade e pela desonestidade, nasce de um sujeito lírico que adota um ponto de vista conservador e preconceituoso. Seus poemas satíricos renderam-lhe o apelido de Boca do Inferno. 
POESIA ERÓTICA: mostra o uso de palavrões e alusões obscenas, mesmo em textos sutis onde a ambigüidade aparece repleta de safadeza. 

A PROSA BARROCA BRASILEIRA 

PADRE ANTÔNIO VIEIRA nasceu em Lisboa, em 1608, chegou ao Brasil e se instalou em Salvador, iniciando seu noviciado na Companhia de Jesus.Efetivou uma política de defesa dos cristãos ?novos, procurando protegê-los da Inquisição em Portugal. 
Sua extensa obra reflete seu envolvimento nos debates sociais e políticos de Portugal e do Brasil no século XVII. Os sermões e cartas, além de temas especificamente religiosos também manifestam questões polêmicas da época como: a luta pela independência portuguesa,, o confronto com holandeses no nordeste, a escravidão índia e negra, a defesa dos judeus e cristãos-novos contra a intolerância da Inquisição. 
OBRAS: CARTAS E SERMÕES ? Sermão da Sexagésima , Sermão de Santo Antônio aos peixes e outros. 
Sua obra é notável pelo manuseio da expressão verbal, são textos riquíssimos em imagens, jogos de significado e conceitos, metáforas, e ricos em recursos lingüísticos. 
Para a literatura, sua importância foi fundamental. Vieira fixou a prosa na língua portuguesa nos mesmos padrões de realização artística a que Camões fixou a poesia, transformando-se num clássico da língua. 
O mais conhecido sermão de Vieira, o Sermão da Sexagésima é uma conclusão de que a palavra de Deus vinha obtendo poucos resultados porque os pregadores estavam mais aplicados em obter efeitos literários do que moralizantes, o que transformava os sermões em vazios estéticos. 
Vieira compara a estrutura do sermão à estrutura de uma árvore ? ?a àrvore da vida?, onde as partes constituintes da àrvore, todas relacionadas às partes do sermão.(troncos, ramos,folhas, varas, flores, frutos) numa ordem simetricamente inversa a seguir(frutos, flores, varas, folhas , ramos e tronco. Lendo-se cuidadosamente percebe-se o ritmo das frases e a cadência do texto. Era uma peça para ser exposta oralmente.

*Publicada em 1601, "Prosopopeia", poema épico de Bento Teixeira, tem grande valor histórico. Nele, o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão, Duarte. É a primeira obra com finalidade meramente literária publicada em solo brasileiro.
Bento Teixeira nasceu no Porto, em 1561. Foi um poeta luso-brasileiro. Existem poucas e confusas informações sobre a vida de Bento Teixeira. Uns o consideravam brasileiro. Outros, português. Asssim como sua biografia, há controvérsias sobre as informações relativas às suas obras, bem como o local de sua morte. Não se sabe se ele morreu em Pernambuco ou Lisboa, no ano de 1618.

 

Arcadismo no Brasil

04/06/2008
Em Ouro Preto, palco da Inconfidência Mineira, viveram e atuaram os principais escritores do Arcadismo brasileiro.
O Arcadismo no Brasil tem seu surgimento marcado por dois aspectos centrais. De um lado, o dualismo dos escritores brasileiros do século XVIII, que, ao mesmo tempo, seguiam os modelos culturais europeus e se interessavam pela natureza e pelos problemas específicos da colônia brasileira; de outro, a influencia das idéias iluministas sobre nossos escritores e intelectuais, que acarretou o movimento da Inconfidência Mineira e suas trágicas implicações: prisão, morte, exílio, enforcamento.
O Arcadismo brasileiro originou-se e concentrou-se principalmente em Vila Rica ( hoje Ouro Preto) MG, e seu aparecimento teve relação direta com grande crescimento urbano verificado nas cidades mineiras do século XVIII, cuja a base econômica século XVIII, cuja a base econômica era a extração de ouro.
O crescimento espantoso dessas cidades favorecia tanto a divulgação de jovens brasileiros, providos das camadas privilegiadas daquela sociedade, foram buscar em Coimbra, já que a Colônia não lhes oferecia cursos superiores. E, ao retornarem de Portugal, traziam consigo as idéias iluministas que faziam fermentar a vida cultural portuguesa à época das inovações políticas e culturais do ministro Marquês de Pombal, adepto de algumas idéias de ilustração.
Essas idéias em Vila Rica, levaram vários intelectuais e escritores a sonharem com Inconfidência do Brasil, principalmente após a repercussão da independência dos EUA (1776). Tais sonhos culminaram na frustada Inconfidência Mineira (1789).
Cecília Meireles, em seu Romanceiro da Inconfidência Mineira, registra o espírito febril provocado pelo ouro:
“Mil galerias desabam; mil homens ficam sepultados, mil intrigas, mil enredos prendem culpados e justos; já ninguém dorme tranqüilo, que a noite é um mundo de sustos.”


Os Árcades e a Inconfidência

s escritores árcades mineiros tiveram participação direta no movimento da Inconfidência Mineira. Chegados de Coimbra com idéias enciclopedistas e influenciados pela independência dos EUA, provavelmente não apenas engrossaram as fileiras dos revoltos contra erário régio, que confiscavam a maior parte do ouro extraído na Colônia, mais também divulgaram os sonhos de um país independente e contribuíram para a organização do grupo inconfidente. Esses escritores eram Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manuel da Costa.
Do grupo apenas um homem não tinha a mesma formação intelectual dos demais, nem era escritor: o alferes Tiradentes (dentista Prático).
Com a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que devia vultosas somas ao governo português, o grupo foi preso. Todos, com exceção de Tiradentes, negaram sua participação no movimento. Cláudio Manuel da Costa, segundo versão oficial, suicidou-se na prisão antes do julgamento.
No julgamento, vários inconfidentes foram condenados a morte por enforcamento, dentre eles Tiradentes e Alvarenga Peixoto. Tomás Antônio e outros foram condenados ao exílio temporário ou perpétuo. Tiradentes assumiu para si a responsabilidade da liderança do grupo.
No 20 de abril de 1792, foi comutada a pena de todos participantes, excluindo Tiradentes, enforcado no dia seguinte. Seu corpo foi esquartejado e exposto por Vila Rica; seus bens, confiscados; sua família, amaldiçoada por quatro gerações; e o chão de sua casa foi salgado para que dele nada mais brotasse.
O Arcadismo no Brasil iniciou-se oficialmente com a publicação das Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa, em 1768.


Cláudio Manuel: A Consciência Árcade

Depois de estudar no Brasil com os jesuítas, completou seus estudos em Coimbra, onde se formou advogado. Em Portugal, tomou contato com as renovações da cultura portuguesa compreendida por Pombal e Verney.



As suicidas não se batem os sinos

Oficialmente a história registrou a morte de Cláudio Manoel da Costa como suicídio por enforcamento. Segundo alguns, o poeta não teria revestido ao sentimento de culpa, uma vez que havia delatado, sob tortura, os participantes da conjuração.Com tudo, essa versão vem sendo contestada. Até hoje, em Ouro Preto, se fala que varias igrejas badalaram os sinos quando da morte do poeta. Por tradição, a igreja nunca toca os sinos a suicidas, o que pode ser indicio de assassinato e não suicídio.
De volta ao Brasil, Cláudio Manuel exerceu em Vila Rica a carreira de advogado e administrador. Sua carreira de escritor teve inicio com a publicação de Obras Poéticas. Em 1789, foi acusado de envolvimento na Inconfidência Mineira.
Sua obra é a que melhor se ajustou aos padrões do Arcadismo europeu.
O poeta cultivou a poesia Lírica e a Épica. Na Lírica, tem destaque o tema de Desilusão Amorosa. A situação mais comum em seus sonetos é Glauceste, o eu Lírico pastor, lamentar-se por não ter correspondido por uma musa inspiradora, Nise. Ou, então, lastima-se por se encontrar num lugar de grande beleza natural, mas não estar acompanhado pela mulher amada.
Nise é uma mulher personagem fictícia, incorpórea, presente apenas pela situação nominal. Não se manifesta na relação amorosa, não é descrita fisicamente, nem da qualquer mostra de corresponder alguém de verdade. Apenas representa o ideal da mulher amada inalcançavel – nítido traço de reaproveitamento do neoplatonismo renascentista.
Na épica, Cláudio escreveu Vila Rica, poema inspirado nas européias clássicas, que se trata da penetração bandeirante, de descoberta das minas.



Inconfidência

Falta de fé ou fidelidade para com alguém, especialmente para com o estado ou soberano
_ Abuso de confiança; infidelidade.
_Revelação do segredo confiado.
Inconfidência Mineira, movimento de inspiração liberal e republicana, um grupo de estudantes e intelectuais passa a se reunir com o objetivo de libertar MG do domínio português. Eles tinham os principais objetivos de:
. Criação de uma universidade em Vila Rica;
. Proclamação da Republica;
. Investimento na manufatura nacional;
. Rompimento do Pacto colonial.
Em 1789, a crise econômica da capitania agravou-se muito com a elevação da divida do quinto além de outras provenientes de contratos atrasados.
O novo governador, Visconde de Barbacena chegou disposto a cobrar os impostos, provocando a derrama, para a qual toda população (mineradores ou não) era obrigada a contribuir. Com isso, propiciou o pretexto para a revolta dos estudantes, que se propunha a criar uma Republica, com a capital em São João Del Rei, cuja bandeira teria o lema Libertas Qual Sera Tamem (“Libertas ainda que tardia”). O excesso de discussões permitiu que o assunto chegasse as autoridades, através de Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros o governo suspendeu a derrama, esvaziando o movimento, e procedeu a devassa.
Entre os implicados estavam Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga, Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes).
Tiradentes e muitos outros submetidos a processos que se arrastou de 1789 à 1792, e do qual resultaram em várias condenações, degredas, comutações de pina, com exceção de seu chefe Tiradentes. Foi um dos mais importantes movimentos do processo de luta pela emancipação do Brasil.


Vida e Obras de Cláudio Manuel da Costa

Cláudio nasceu em Ribeirão do Cabo atual Mariana no sitio da Vargem do Itacolomi a 6 de julho de 1729, filho de pai português que se dedicava a mineração.
Iniciou seus estudos no Rio de Janeiro para mais tarde ser prosseguidos em Portugal. Após seus primeiros estudos com os jesuítas no Brasil, vai para Coimbra estudar direito em 1749. Por essa época toma contato com as idéias, iluministas e absorve o clima das primeiras manifestações arcádia, viveu um tempo em Lisboa onde entrou em contato com as novidades do Arcadismo. Retorna ao Brasil em 1754 e monta banca de advogado em Vila Rica e Mariana entre 1754 e 1758. Por duas vezes foi secretario do governo da capitania em MG, nomeado pelo Conde Borbadela em 1752.
Posteriormente foi nomeado juiz das demarcações de sesmarias do termo de Vila Rica. Em 1768 cercado pelo prestigio oficial e pela admiração de seus confrades foi o fundador da arcádia Ultramarina e publicou suas obras em Coimbra.
Em 1733 dedica o poema em Vila Rica à doutor José Antônio Freire de Andrade, mas não publica.
Respeitado por sua cultura era um liberal, que se deixava influenciar pelos filósofos do iluminismo, pelas teorias econômicas inglesas. Era também adepto da política reformista do Marquês de Pombal.
Como árcade Cláudio adotou o nome de Glauseste Satúrnio e foi poeta de gosto neoclássico empenhado em reviver as fórmulas do quinhentismo português.
Era realmente um homem muito rico, tinha clientela importante, muitos escravos e sociedade em minas de ouro, possuindo uma fazenda de criação de gado e de porcos, além de um negócio de grandes proporções de concessão de créditos. Sua espaçosa mansão em Vila Rica era ponto de reunião de intelectuais da capitania.
Em 1789, 25 de maio, já aos 60 anos foi preso como participante da Inconfidência Mineira. Pouco depois dos primeiros interrogatórios foi encontrado morto na prisão, casa dos contos em Vila Rica, Ouro Preto, em 4 de julho de 1789.
Tudo faz crê que sua morte, haja ocorrido por suicídio, embora historiadores afirmam também que Cláudio tenha sido envenenado, ou seja, assassinado, existem outros que afirmam que, a causa de sua morte seja de sofrimento amoroso.
E até hoje fica a dúvida: Homicídio ou Suicídio?
Foi Cláudio o primeiro a escrever sobre a ciência de economia política que apresentara à Europa o célebre escocês Adam Smith. Comentou Cláudio o tratado da origem das Riquezas das Nações, publicado em Edimburgo e escreveu além disso outras tantas obras que mereceram elogiosas criticas de toda parte.
Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algumas poesias no estilo gongórico, escritas sob a influência jesuíticas. Desde aquela data procurou trabalhar sempre de acordo com o pensamento árcade, destacando-se por seus sonetos, perfeitos na forma e na linguagem. Os temas giravam em torna das reflexões morais das contradições da vida tão ao gosto dos poetas quinhentistas, percebendo-se neles uma marcante influência camoniana.
Cláudio escreveu numerosas obras e dentre elas estão: “Munúsculo Métrico” romance heróico em versos; “Labirinto de Amor”, poema; “Obras”, compreendendo romances, sonetos, epicédios, epístolas, etc.; “Vila Rica”, poema oferecido ao conde de Borbadela; “Memória História Geográfica da Descoberta das Minas”; “Saudação à Arcádia Ultramarina” etc.
Patrono da cadeira n° 2 da academia Brasileira de Letras, criada por Alberto de Oliveira, Cláudio é um dos poetas mais ilustres que produziu o solo americano.
Dentro da literatura, Cláudio é um poeta barroco em transição para a simplicidade do Arcadismo. Ele próprio sentiu na sua obra, as tendências para o sublime e os seu desejos de um estilo simples e pastoril.
O que se sente em Cláudio é um dilaceramento, real e não apenas poético, nascido nas asperezas das terras mineiras, terra modesta e inculta, foi educado nas artes, letras e leis da douta e famosa Coimbra.
A saudade o mantém preso à sua pátria de cultura, mas as suas raízes continuam fincadas na pátria de nascença, chão de pedra, ferro e ouro.
E assim o poeta se sente desajustado na própria terra inculta, tão distante da Universidade onde se formou. Aderindo às normas do Arcadismo coimbrão, ele não pode renunciar à rudeza de sua terra, à sua consciente ou inconsciente formação ‘mineira’. É uma posição não convencional mas vital: um poeta dividido entre a rusticidade do berço e a civilização da pátria intelectual. Indeciso entre as duas grandes forças de atração.


Os Sonetos

A poesia de Cláudio é uma ponte entre o barroco e o árcade. Os 2 estilos lhe marcaram a obra com exageração do barroco e a busca da simplicidade dos árcades. Conhecedor da técnica do verso, homem de boa biblioteca e extensa leitura, um intelectual, talvez até mentor de Tomás Antônio Gonzaga em assuntos intelectuais e jurídicos, e, sobretudo um grande poeta.

Sonetos

Já rompe, Nise, a matutina aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.

Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado o prazer tanto melhora!

Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda, que coisa é alegria;

E a suavidade do prazer trocada,
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.


Obras

É o introdutor do estilo árcade na literatura brasileira. Por isso seus primeiros poemas carregam ainda detalhes bem típicos do estilo barroco.
Em 1768, lança seu livro se poemas intitulado “Obras” e funda Arcádia Ultramarina dando inicio ao Arcadismo, ao Neoclassicismo (Retorna a beleza e a pureza dos escritores clássicos contra o exagerado gongorismo).
Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algumas poesias barrocas, sob a influência jesuítica. apartir daquela data procurou sempre trabalhar de acordo com o pensamento árcade destacando por seus sonetos, perfeitos na forma e na linguagem. Seu temas giram em torno das reflexões morais, das contradições da vida, tão ao gosto dos poetas renascentistas, percebendo inclusive uma acentuada influência camoniana. Cultivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona sua condição do pastor que tem a natureza como refúgio ou ainda o sofrimento amoroso, as musas idealizadas.
Mais tarde escreve “Vila Rica” (narra a história da cidade desde sua fundação exaltando a atuação dos bandeirantes. O texto dividi-se em 10 contos, em versos decassílabos, e apresenta as seguintes partes: Preposição, Inovação, dedicatória, narração e epílogo) e “Memória histórica sobre a capitania de Minas Gerais”. Traduziu “A riqueza das Nações” (de Adam Smith). Escreveu também textos teatrais, entre eles o “Parnaso Obsequioso”, peça que foi musicada. Em Portugal publica: “O Labirinto de Amor”, “Números Harmônicos”, “Munúsculo Métrico”.
Dedicou-se, numa centena de sonetos, a reviver os motivos bucólicos e o idealismo neoplatônico, mas ficando só no nível dos motivos neoclássicos. Também tentou a épica narrativa na “Fábula do Ribeirão do Carmo” e no poema “Vila Rica”, cuja o principal valor além do documental, é a pureza dos versos neoclássicos e também o nativismo da paisagem este mal revelado em seus sonetos.
Também encontram espaços na poesia de Cláudio Manuel as influências da paisagem local: o ribeirão do Carmo, rio que corta a região; os vaqueiros, em lugar de pastores gregos; as montanhas e os vales e as constantes referencias às pedras, que sugerem o ambiente agreste e rústico de MG: “Destes penhascos faz a natureza o berço de ouro em que nasci: Oh quem cuidara, que entre penhas tão duras se criara uma alma eterna, um peito sem dureza.

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