¯`*·.¸¸♥ღ°Quem é essa que me olha de tão longe, com olhos que foram meus?(Retrato antigo - Helena Kolody)
¯`*·.¸¸♥ღ° Quem é essa que me vê do lado de lá quando eu dela preciso cá? Quem é essa que está em mim e eu nela em hora sem fim? Quem é essa, quem sou eu?De tanta pressa o vento a levou...Fiquei eu Olho no olho O meu no seu Num retrato antigo Num estar comigo Num olhar só meu. (Janice Persuhn)¯`*·.¸¸♥ღ°
De retralho em retalho tiram pedaços de mim de espaço a espaço costuram os vazios de mim de palavra a palavra descobrem eu sou mesmo assim. (Autópsia) ¯`*·.¸¸♥
A carta é uma das mais usadas e antigas formas de comunicação entre as
pessoas. Uma cartinha para a mãe em seu aniversário, uma para a professora
declarando toda nossa admiração ou mesmo o e-mail que o pai escreve
reclamando de ligações telefônicas cobradas indevidamente são exemplos de
que as cartas podem mudar sua forma de registro ou de envio, mas ainda
permanecem vivas nos dias de hoje.
Por meio delas, boa parte da história da humanidade ficou registrada e
pode ser contada. Isso porque, quando as pessoas enviam cartas umas para as
outras, elas acabam contando fatos históricos, descrevendo como as pessoas se
relacionam umas com as outras, opinando sobre acontecimentos sociais e todas
essas informações constroem pistas que podem ajudar a recompor a vida como
vem ocorrendo no decorrer da história.
A bíblia, que é considerada uma das fontes de informações mais antigas,
já apresenta muitos exemplos de cartas. Os primeiros textos bíblicos foram
escritos 1.513 anos antes de Cristo nascer, ou seja, há mais de 3.500 anos atrás.
Ali podemos encontrar, por exemplo, cartas dos discípulos Pedro e Paulo que
acompanharam Jesus em suas jornadas.
Durante sua história, a carta foi escrita em muitos tipos de materiais e
muitos foram os canais pelos quais era enviada. Assim, as primeiras cartas
foram escritas com um material chamado de papiro, um tipo de papel feito com
uma planta chamada papiro e que serviu de suporte para as pessoas
escreverem e enviar mensagens muitos anos antes da existência da bíblia, ou
seja, 3.000 anos antes de Jesus nascer. Muitos anos depois, no século 2 antes de
Cristo, em uma região na Turquia chamada de Pérgamo, foi inventado o
pergaminho, um tipo de papel feito de pele de carneiros e bezerros.
O papel que utilizamos nos dias atuais foi inventado 100 anos depois do
nascimento de Cristo por um chinês chamado T’sai Lun. Esse chinês inventou de
misturar e bater fibras de vegetais formando uma massa que, depois de
peneirada e colocada para secar, formava uma fina folha de papel ideal para
ser transportada e para escrever cartas, bilhetes, livros e o que mais fosse
preciso.
Com o avanço da tecnologia, mensagens escritas podem ser enviadas
sem a utilização de papel. É o caso do e-mail. No entanto, há quem prefira uma
carta escrita em papel, devido a esse material ser acessado sem a necessidade
de computadores e internet. Além do mais, as cartas escritas pelas próprias
mãos do autor transmitem o que um e-mail não é capaz de transmitir: as
emoções. Como diz uma amiga do escritor Overlac Menezes em uma carta a ele
enviada, “Bill Gates que me desculpe. Ele pode ser rico e inteligente, mas deve
ter poucos amigos! Pois, se tivesse um amigo como você, saberia o prazer de
receber uma carta, e não um email” (MENEZES, 2005, p. 16).
Outra importante fato histórico a ser observado se refere ao modo como
as cartas chegavam até seu destinatário. Vamos ver a seguir alguns importantes
momentos em que a carta mudou sua forma de circular saindo das mãos do
autor e chegando até seu destino final.
Pombo-Correio
Os pombos foram utilizados por muito tempo como meio de envio de
mensagens. Observando que eram capazes de voar velozmente por uma
distância de cerca de 160 km e retornar para o local onde foram criados, logo as
pessoas perceberam que essa destreza poderia ser utilizada para levar cartas e
pequenos objetos de um local para outro gastando poucas horas para cumprir o
trajeto. Há indícios de que esses animais já eram adestrados para transportar
mensagens de uma cidade para outra desde 2.800 anos antes de Cristo .
Nos jogos Olímpicos da antiga Grécia (700 anos antes de Cristo) os
pombos eram responsáveis por levar às cidades gregas mensagens noticiando
os vencedores da competição. Milhares de anos depois, na Primeira Guerra
Mundial, os pombos-correio pouparam a vida de muitos soldados levando
mensagens pelos campos de guerra. Sem esses animais, os soldados seriam
obrigados a se arriscar a topar com os inimigos na tentativa de transportar as
cartas com as comunicações importantes sobre a guerra. Na Argentina, esse
tipo de comunicação postal foi utilizado até a década de 50 encaminhando
correspondências por todo o país.
Podemos perguntar, e nos dias atuais, ainda existe pombos correio?
Com o avanço da tecnologia, diminuiu-se o uso de pombos como meio de envio
postal, mas essas aves não perderam seus empregos.
Atualmente, em algumas localidades, os pombo correio ainda
transportam mensagens e encomendas e, em muitos países, são usados em
competições chamadas columbofilia. Na Europa, por exemplo, uma competição
objetiva levar os animais a percorrerem uma distância de quase mil quilômetros
entre Barcelona e Bélgica. No Brasil, temos uma competição que sai de Brasília e
chega até São Paulo (mais de 900 quilômetros).
Navios
Quando chegaram às terras recém descobertas que dariam origem ao
Brasil, muitos tripulantes se interessaram por mandar notícias ao Rei de
Portugal chamado Dom Manuel. No entanto, nenhuma das cartas enviadas ficou
tão conhecida como aquela escrita por Pero Vaz de Caminha.
Nessa carta, Caminha dá notícias ao rei sobre as descobertas realizadas
descrevendo detalhes da geografia, dos nativos encontrados e dos possíveis
recursos a serem explorados por Portugal. Assim, essa carta é tida como o
primeiro documento oficial escrito em terras brasileiras. Foi manuscrita com
pena e tinta sobre papel.
Caminha assina a carta na data de 1º de maio de 1.500 enviando-a por
meio do capitão Gaspar de Lemos.
Enquanto seguiram para a índia, Gaspar de
Lemos voltou para Portugal com a missão de entregar a carta ao Rei, o que de
fato levaria mais de 40 dias para chegar às mãos do destinatário.
Cavalos
Outras formas de envio postal foram utilizadas. Já assistiram algum filme
em que as pessoas enviam mensagens em garrafas lançadas ao mar? Já ouviu
falar em mensageiros que decoravam a mensagem e corriam antes de
esquecê-las para reproduzi-la ao destinatário?
Todas essas são formas interessantes de transmissão de mensagens. Mas
um fato que marcou a história da evolução da carta tem a ver com o uso de
cavalos.
Em 1.860, três empresários dos Estados Unidos criaram um correio
expresso utilizando cavalos como meio de cruzar o território americano com o
objetivo de entregar correspondências. Era o famoso Pony Express. Para
cumprir toda a rota de Missouri até a Califórnia, uma distância de quase 3.000
km, os mensageiros levavam quase 11 dias.
Com o surgimento do telégrafo, a empresa teve que encerrar suas
atividades um ano depois de inaugurada.
Correio a Cavalo
Pony Express é o nome que ficou conhecido um histório correio expresso colocado em funcionamento em 1860 que levava correspondência, cruzando o território americano com cavalos e diligências. A rota ligava as cidades de St. Joseph (Missouri) a Sacramento (California).
O Pony Express foi criado por William Hepburn Russell, William B. Waddell e Alexander Majors. Iniciou oficialmente suas operações na data de 3 de abril de 1860. A primeira viagem cumprindo a rota a partir do Oeste do país foi feita em 10 dias, 7 horas e 45 minutos. A da partida do Este foi feita em 11 dias e 12 horas. Foram cobertas aproximadamente, em média, 250 milhas (cerca de 402 quilômetros) a cada 24 horas (foto ao lado).
A unica possibilidade, na época, de levar uma mensagem era utilizando-se navios que contornavam toda a América via estreito de Magalhães, ou pelo istimo do Panamá (não havia ainda o canal). Essa viagem demorava cerca de 6 meses.
As estações de parada da Pony Express distavam 16 quilômetros uma das outras ao longo do caminho, considerada a distância máxima que um cavalo aguentava em ritmo ininterrupto de galope. O cavaleiro então pegava uma montaria descansada em cada parada, sempre carregando a mochila da correspondência que pesava em torno de 10 quilos. Os cavaleiros não podiam ser muito pesados. Costumavam levar também uma faca, revólver, cantil, bíblia e as vezes um rifle. Os cavaleiros recebiam 100 dólares por mês como pagamento. O nome Pony, a rigor não era correto, pois os cavalos não eram todos dessa raça.
O Pony Express anunciou que encerraria as operações em 26 de outubro de 1861, 2 dias depois que o Telégrafo Transcontinental começou em Salt Lake City.
Em 1866, após o fim da Guerra Civil Americana, Holladay vendeu os ativos da Pony Express e o que restou da Butterfield Stage para a Wells Fargo por $1,5 milhões de dólares.
Na foto ao lado Frank E. Webner, cavaleiro do Pony Express por volta de 1861.
Correios
O primeiro correio brasileiro, o “Correio-mor das cartas do mar”, foi criado
em 1673. Era uma forma demorada de entrega postal por depender de viagem
marítimas para chegar do Brasil a Portugal. em 1798 foi criado os Correios
Marítimos estabelecendo uma ligação postal marítima entre Rio de Janeiro e
Lisboa.
Em 1927 inicia-se o transporte de correspondência via aérea entre
América do Sul e Europa. No Brasil, o presidente Getúlio Vargas instituiu o
Departamento de Correios e Telégrafos no ano de 1930.
A empresa que hoje conhecemos e que entrega cartas, contas, produtos
comprados pela internet e até aquela cartinha que escrevemos para o papai
Noel, foi criada em 1969. Chama-se Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
Hoje, os Correios entregam as correspondências em tempos recordes utilizando
carros, caminhões e aviões para levar mensagens e encomendas por todo o
país.
Existem vários prazos para entrega das correspondências, dependendo
da distância a ser percorrida e do valor pago. Os correios possuem diversas
modalidades de entrega permitindo atender às necessidades de empresas,
órgãos públicos e pessoas em geral. Sem dúvidas, a mais conhecida é o Sedex
(Serviço de Encomenda Expressa Nacional) criado em 1982. Com esse serviço, os
Correios prometem realizar as entregas em até 5 dias.
E-mail
A popularização do acesso à internet permitiu que as pessoas pudessem
usar o correio eletrônico e utilizá-lo com frequência. O primeiro correio
eletrônico utilizando o símbolo @ como forma de constituir endereços
eletrônicos foi criado em 1971 por Ray Tomlinson.
Por meio do e-mail, as pessoas podem enviar, receber e armazenar
mensagens, documentos, vídeos, imagens e toda forma de documento digital.
Por um lado, o e-mail mostra-se uma excelente forma de comunicação,
considerado a carta moderna, permitindo que as pessoas se comuniquem em
tempo real sem utilizar papel ou sem precisar de outra pessoa para entregar a
correspondência. No entanto, para que funcione, é preciso que tanto o
remetente quanto o destinatário tenham disponível um computador conectado
à internet. No entanto, muitas pessoas ainda não possuem condições
econômicas para ter acesso às tecnologias atuais.
Fontes consultadas:
*https://novaescolaproducao.s3.amazonaws.com/BtQWJnVT4egjPdG5SDrMRZutZM9XUW6k3RCQ7SXgEfPhXHpRXCVStXYQCfM5/atividade-para-impressao-historia-da-carta-lpo4-01sqa01.pdf Acesso em 28 fev 2-21
● “A origem do papel”, Unesp, disponível em:
http://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/Ensino_Fundamental/Origami/Documentos/indice_o
rigami_papel.htm. Acesso em 25/09/2018
● “Carta de Pero Vaz de Caminha: História e análise do texto”, Uol, disponível em:
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/carta-de-pero-vaz-de-caminha-historiae-analise-do-texto.htm. Acesso em 25/09/2018
● “Comemore o dia do Carteiro-Mor”, Sintect - SP, disponível em:
https://www.sintect-sp.org.br/noticias/saiba-tudo-sobre-o-carteiro-mor . Acesso em
25/09/2018
● “Como o pombo-correio sabe para onde ele deve levar a mensagem?”, Nova Escola,
disponível
em:https://novaescola.org.br/conteudo/1093/como-o-pombo-correio-sabe-para-onde-ele-dev
e-levar-a-mensagem. Acesso em 25/09/2018
● “Evolução da Carta”, Google, disponível em:
https://sites.google.com/site/evolucaodacarta/correio-a-cavalo. Acesso em 25/09/2018
● MENEZES, Overlac. Cartas: simples mensagem, documento ou gênero literário? São Paulo:
Marco Zero, 2005.
● “Papiro”, site Significados, disponível em: https://www.significados.com.br/papiro/. Acesso em
25/09/2018
● “Pombos-correios: pássaros que fizeram história”, site Meus Animais, disponível em:
https://meusanimais.com.br/pombos-correios-passaros-que-fizeram-historia/. Acesso em
25/09/2018
CARTAS FAMOSAS NA HISTÓRIA
CARTA LEVADA POR POMBO-CORREIO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL É ENCONTRADA
A correspondência de mais de um século foi localizada em setembro na região da Alsácia França
GIOVANNA GOMES PUBLICADO EM 09/11/2020, ÀS 10H30
Uma pequena cápsula de alumínio contendo uma carta da Primeira Guerra Mundial em seu interior foi encontrada por um casal que se encontrava na região da Alsácia, no nordeste da França e levada para o Museu Linge. As mensagens em cápsulas eram comumente levadas a seus destinatários por pombos-correio.
O remetente é um soldado alemão que estava na cidade de Ingersheim, hoje situada na França, mas que na época fazia parte da Alemanha. Nela, são detalhadas estratégias de guerra dos alemães. A mensagem foi escrita numa espécie de papel vegetal no idioma alemão e com uma caligrafia gótica. Dessa forma, a carta não é entendida facilmente e não se sabe ao certo se é datada do ano de 1910 ou 1916.
Segundo o Le Parisien, o curador do Museu Linge, Dominique Jardy, acredita que 1910 é a data mais provável e que se trata de um achado muito raro que, assim como diversos objetos da Primeira Guerra Mundial, que surgiram com o tempo.
A EMOCIONANTE HISTÓRIA DA CARTA PERDIDA DE UM COMBATENTE DA SEGUNDA GUERRA
O episódio, ocorrido em 2018, revelou um melancólico capítulo de uma história de amor
GIOVANNA GOMES PUBLICADO EM 04/11/2020, ÀS 09H46
Em 1941, Phyllis Ponting tinha um noivo que estava lutando na Segunda Guerra Mundial, mas que desapareceu após um pedido casamento, dar notícias. No entanto, em 2018, quando já era uma senhora 99 anos de idade, a mulher recebeu uma carta que sobreviveu por 77 anos até parar em suas mãos.
A descoberta da carta
No ano de 2018, arqueólogos marinhos estavam em busca de prata no fundo do Oceano Atlântico. No entanto, foram surpreendidos com a descoberta de diversos documentos que se perderam após o navio de carga que os transportava ter afundado, em 1941. A carta do noivo de Phyllis estava entre esses papeis.
Carta de Walker para Ponting - Crédito: Reprodução/Trevor Porter
As cartas encontradas foram encaminhadas para o Museu Postal de Londres, onde foram exibidas em uma exposição chamada Voices from the Deep.
Sobre a descoberta, o curador do museu Shaun Kingsley declarou na época: "É a maior coleção de cartas, desde que as pessoas começaram a escrever, a sobreviver a qualquer naufrágio, em qualquer lugar do mundo."
"Não deveriam ter sido preservadas, mas como não havia luz, não havia oxigênio, era apenas escuridão, era como colocar uma coleção de orgânicos em uma lata, lacrando e colocando em um freezer", afirmou. "E no laboratório de conservação, lenta e repentinamente as palavras começaram a aparecer. Cerca de 700 cartas escritas da Índia britânica em 1940".
A The One Show da BBC encontrou Ponting e entregou uma cópia da carta a ela endereçada.
O conteúdo da carta
A carta encontrada - Crédito: Reprodução/Trevor Porter
O ex-noivo de Ponting, Bill Walker, havia acabado de fazer o pedido de casamento por meio de uma carta anterior. Ela aceitou a proposta e enviou sua resposta para o rapaz, que na época se encontrava no Regimento de Wiltshire, na Índia. No entanto, como nunca mais obteve notícias de Walker, Ponting pensou que ele havia mudado de ideia.
Na carta, o ex-noivo declara como “chorou de alegria” ao receber sua resposta. Ele ainda prosseguiu: "Se você pudesse saber o quão feliz isso me deixou, querida."
A vida de Ponting nos dias de hoje
Com a morte de Holloway muitos anos depois, ela se casou com Reginald Ponting. Ainda hoje, Phyllis não sabe se Walker sobreviveu à guerra. Sem notícias, a mulher acabou se casando com outro homem, Jim Holloway, com quem teve quatro filhos. Ela ainda teve quatro netos e sete bisnetos.
Bill em registro pessoal /Crédito: Divulgação
"Não acho que Bill possa ter sobrevivido à guerra, caso contrário, ele teria ido direto ao meu endereço na Avenida Roseland", afirmou a idosa, que reflete o quão diferente sua vida teria sido se ela tivesse recebido a carta em 1941 e se casado com Bill Walker.
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