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¯`*·.¸¸♥ღ°Quem é essa que me olha de tão longe, com olhos que foram meus?(Retrato antigo - Helena Kolody) ¯`*·.¸¸♥ღ° Quem é essa que me vê do lado de lá quando eu dela preciso cá? Quem é essa que está em mim e eu nela em hora sem fim? Quem é essa, quem sou eu?De tanta pressa o vento a levou...Fiquei eu Olho no olho O meu no seu Num retrato antigo Num estar comigo Num olhar só meu. (Janice Persuhn)¯`*·.¸¸♥ღ° De retralho em retalho tiram pedaços de mim de espaço a espaço costuram os vazios de mim de palavra a palavra descobrem eu sou mesmo assim. (Autópsia) ¯`*·.¸¸♥

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segunda-feira, 27 de abril de 2020

A escola da Vila de Manuel Correia Baima de Lago - Aula EAD 6º Ano



A ESCOLA DA VILA


Imagem da internet

    
   Para quem já tivesse visto o mundo, a Vila do Coroatá devia ser feia, atrasada e pobre. Mas, para mim, que tinha vindo da pequenice do povoado, foi um verdadeiro deslumbramento.
        As quatro ou cinco ruas, com a maioria de casas de telha; os três ou quatro sobradinhos; as casas comerciais sempre cheias de mercadorias e de gente; as missas aos domingos; a banda de música de dez figuras; as procissões, de raro em raro, eram novidades que me deixaram maravilhado.
        A igreja acanhadinha e velha, onde os morcegos voejavam, tinha aos meus olhos um esplendor estonteante.
        A Casa da Câmara, acaçapada e pesadona, com o vasto salão onde, às vezes, se realizavam festas, parecia-me um palácio.
        O que mais me encantou foi a escola.
        Quando cRhegamos à vila, já haviam acabado as férias. Durante os quinze dias em que fiquei em casa curando-se das febres, eu via, da janela, as crianças passarem em grandes bandos, à hora em que terminavam as aulas. A vontade de ficar bom para misturar-me com aquela meninada alegre apressou a minha cura.
        A escola funcionava num velho casarão de vastas salas, que devia ter mais de meio século.
        Quando lá entrei, no primeiro dia, levado pela mão de meu pai, senti no peito o coração bater jubilosamente.
        Dona Janoca, a diretora, recebeu-me com o carinho com que se recebe um filho. Os meninos e as meninas, que me viram chegar, olharam-se risonhamente, como se já houvessem brincado comigo.
        Eu que vinha do duro rigor da escola do povoado, de alunos tristes e de professor carrancudo, tive um imenso consolo na alma.
        A escola da Vila era diferente da escolinha da povoação como o dia o é da noite.
        Dona Janoca tinha vindo da capital, onde aprendera a ensinar crianças.
        Era uma senhora de trinta e cinco anos, cheia de corpo, simpática, dessas simpatias que nos invadem o coração sem pedir licença.
        Havia nas suas maneiras suaves um quê de tanta ternura que nós, às vezes, a julgávamos nossa mãe.
        A sua voz era doce, dessas vozes que nunca se alteram e que mais doces se tornam quando fazem alguma censura.
        Mostrava, sem querer, um grande entusiasmo pela profissão de educadora: ensinava meninos porque isso constituía o prazer de sua vida.
        Se um aluno adoecia, ela, apesar dos afazeres, encontrava tempo pra lhe levar uma fruta, um biscoito, um remédio
        Vivia arranjando livros, papel e lápis nas casas comerciais para os meninos paupérrimos. Se um pai se recusava a mandar o filho à escola corria a convencê-lo de que o pequeno nada seria na vida se não tivesse instrução.
        Quando chegou da capital para dirigir o grupo escolar da vila, o prédio em que as aulas funcionavam estava em ruinas e o mobiliário, de tão velho e maltratado, já não servia para nada.
        Era preciso dar àquilo um jeito de coisa decente. Mas não havia vintém.
        Ela trazia, como auxiliares, as suas irmãs Rosinha e Neném, ambas moças.
        E as três deixavam o povo surpreendido: saíram de casa em casa a pedir auxílio para as obras, fizeram rifas, organizaram festas, leilões, bazares de sorte, tudo enfim que pudesse render dinheiro.
        E a vila, cochilona e desacostumada a novidades, viu, com pasmo, dona Janoca e as irmãs, de brocha e pincel nas mãos, caiando e pintando paredes.
        E a velha casa, de mais de meio século, ressuscitou maravilhosamente, como os palácios surgem nos contos de fada.
        Os salões, amplos e claros, abriam-se de um lado e de outro do vasto corredor, com filas de carteiras escolares, vasos de plantas, aqui e ali, e jarras de flores sobre as mesas.
        As paredes, por si sós, faziam as delícias da pequenada. De alto a baixo uma infinidade de quadros, bandeiras, mapas, fotografias, figuras recortadas de revistas, retratos de grandes homens, coleções de insetos, vistas de cidades, cantos e cantinhos do Brasil e do mundo.
        E tudo aquilo me encantava de tal maneira que eu, às vezes, deixava de brincar todo o tempo do recreio para ficar revendo paisagem por paisagem, mapa por mapa, figurinha por figurinha.

                           Viriato Corrêa. Cazuza. São Paulo: Nacional, 2004.

Acaçapada: escondida, encolhida.
Jubilosamente: alegremente.

Entendendo o texto:
01 – O menino Cazuza ficou encantado com a Vila do Coroatá. O que mais o deixou maravilhado na vila?
       A escola.

02 – O que Cazuza sentiu quando entrou na escola no seu primeiro dia de aula?
       Ele sentiu no peito o coração bater jubilosamente.

03 – Como Cazuza foi recebido por todos na escola?
        A diretora o recebeu com o carinho com que se recebe um filho. Os meninos e as meninas o olharam risonhamente, como se já houvessem brincado com ele.

04 – Quando, em um texto, indicam-se as características de determinados objetos – pessoas, coisas, lugares, animais, etc. – apresentando ao leitor de que modo eles são ou se encontram, temos uma descrição. No texto “A escola da Vila”, qual é a descrição que o menino faz da diretora?
        Resposta possível: Dona Janoca era uma senhora de trinta e cinco anos, cheia de corpo, simpática, de maneiras suaves, terna, de voz doce, entusiasmada pela profissão, preocupada com a saúde dos alunos e que lutava para que todas as crianças frequentassem a escola.

05 – Como estavam o prédio, as instalações e a conversação da escola quando Cazuza a conheceu?
        O prédio em que as aulas funcionavam estava em ruínas e o mobiliário, de tão velho e maltratado, já não servia para nada.

06 – O que Dona Janoca fez para conseguir melhorias para a escola? Quem a ajudou?
        Ela e suas irmãs, Rosinha e Neném, saíram de casa em casa a pedir auxílio para as obras, fizeram rifas, organizaram festas, leilões, bazares de sorte, tudo enfim que pudesse render dinheiro.

07 – Como ficou a escola depois da reforma?
        Os salões, amplos e claros, abriam-se de um lado e de outro do vasto corredor, com filas de carteiras escolares, vasos de plantas, aqui e ali, e jarras de flores sobre as mesas. As paredes ficaram repletas de uma infinidade de quadros, bandeiras, mapas, fotografias, figuras, etc.

08 – Ao que Cazuza comparou a escola depois de reformada?
        Comparou-a com os palácios dos contos de fadas.

09 – A visão que o menino tinha de escola foi sempre a mesma? Por quê?
        Não. Pois a escola do povoado era de suro rigor, de alunos tristes e de educador carrancudo. A nova escola deu a Cazuza um imenso consolo na alma e o deixou encantado.

10 – Para demonstrar que a escola da Vila era muito diferente da escola que frequentou no povoado, Cazuza faz uma comparação. Copie a frase que a expressa.
        “A escola da Vila era diferente da escolinha da povoação como o dia o é da noite”.

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